O pensamento Político de Aristóteles
O método adotado pelo filósofo é o indutivo, isto é, parte sempre dos dados empíricos para obter conclusões gerais. Apesar da dificuldade de estabelecer claramente a etrutura que a obra Política de Aristóteles apresenta, comumente ela é dividida em cinco tratados separados:
(i) sobre a organização familiar, uma vez que o estado se estabelece a partir da organização familiar (livro I);
(ii) sobre a proposta de comunhão de riquezas e a mais estimada das constituições existente (livro II);
(iii) sobre o estado, os cidadãos e a classificação das constituições (livro III);
(iv) sobre as constituições inferiores (livros IV-VI);
(v) sobre o estado ideal (livros VII, VIII).
Todos esses tratados, com excessão do segundo, são inacabados.
Alguns preceitos são assumidos desde o início:
(i) a identidade da natureza com a coisa e seu fim através do qual está se movendo;
(ii) a superioridade da alma em relação ao corpo, da razão ao desejo; a imporância do limite, da moderação;
(iii) a diferença entre partes orgânicas e condições subsidiárias.
A Política se inicia com o seguinte assunto:
(i) reinvindica a concepção de estado contra a visão sofística de que o estado existe por convenção e, portanto, não tem real fidelidade de seus membros;
(ii) esclarece a sua natureza distinguindo o estado de outras comunidades.
Como toda comunidade se forma em vista de algum bem, o estado, que é uma comunidade suprem e abarca todas as outrs, se forma tendo em vista o bem supremo. Aristóteles faz uso de uma visão absolutamente teleológica.
A causa ou a explicação das coisas serem o que são está não no que elas se tornaram, mas naquilo em que eles estão vindo a ser; do mesmo modo, a natureza das coisas não é vislumbrada em sua origem, mas em seu destino.
O que chamamos por estado significa “cidade (polis)”. Aristóteles assim se refere à cidade, como sendo a expressão da mais perfeita forma de vida política já existente, assim como a forma mais perfeita que poderia existir. Afirma categoricamente que a vida pode ser vivida de modo mais completo em uma pequena comunidade da qual todo cidadão conhece um ao outro e participa da escolha não apenas dos seus comandantes, mas também comandam e, por sua vez, são comandados.
Segundo Aristóteles, existem dois princípios instintivos que fazem com que os seres se unam:
(i) o instinto reprodutivo, que une mulheres e homens;
(ii) o instinto de auto-preservação que une senhores e escravos para se ajudarem mutuamente.
Existem três elementos para a composição de uma sociedade:
(i) a família, que é a associação estabelecida por natureza para suprir as necessidades diárias;
(ii) a vila, que é a união de muitas famílias para suprir algo além das necessidades diárias;
(iii) o terceiro estágio é a união de muitas vilas em uma comunidade completa, extensa o bastante para ser praticamente auto-suficiente. Eis a diferença entre estado e comunidade, ou vila.
Ao contrário da visão política dos sofistas, o estado não existe apenas por convenção, mas está enraizado na natureza humana, portanto, existe por natureza.
A política de ARistóteles afirma, em poucas palavras:
(i) que a natureza deve ser encontrada não na origem da vida humana, mas no fim para o qual nos movemos;
(ii) que a vida civilizada não é o declínio de uma vida nobre-primitiva hipotética;
(iii) que o estado não é uma restrição artificial da liberdade mas um meio para conquistá-la.
Ao contrário de Platão, que prezava a dissolução das famílias, Aristóteles afirma ser o estado uma comunidade de comunidades, incluindo as famílias.
O homem não é apenas membro da cidade-estado, e sim também de outras comunidades, como a da igreja, de sua profissão, das sociedades voluntárias, etc.
Por isso, antes de animal político, caberia melhor chamarmos o homem de animal social.
Mesmo enfatizando o fato do homem ser mais naturalmente um animal social do que político, pois a união política é menos natural do que as uniões sociais, que são mais evidentemente voluntárias, ainda assim, ao poder político só é possível compararmos ao poder religioso em termos de importância e valor. Em suma, do ponto de vista da educação dos valores morais e da implementação de um governo, a formação do homem político é decisiva para determinar o tipo de vida que podemos ter em sociedade.
A cidade existe por natureza, e é anterior ao indivíduo, que tomado isoladamente, é autárquico, relativamente ao todo está na mesma relação em que estão as outras partes.
Por isso, quem não pode fazer parte de uma comunidade, quem não tem necessidade de nada, bastando a si próprio, não faz parte de uma cidade, mas é ou um animal ou um deus.”
BIBLIOGRAFIA
Matheus Venâncio, 2009 – UNIFRAN – Universidade de Franca
2.Semestre Graduação Filosofia
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