quarta-feira, 4 de julho de 2018

POLÍTICA EM ARISTÓTELES

O pensamento Político de Aristóteles

(i) sobre a organização familiar, uma vez que o estado se estabelece a partir da organização familiar (livro I);
(ii) sobre a proposta de comunhão de riquezas e a mais estimada das constituições existente (livro II);
(iii) sobre o estado, os cidadãos e a classificação das constituições (livro III);
(iv) sobre as constituições inferiores (livros IV-VI);
(v) sobre o estado ideal (livros VII, VIII).

Todos esses tratados, com excessão do segundo, são inacabados.
Alguns preceitos são assumidos desde o início:
(i) a identidade da natureza com a coisa e seu fim através do qual está se movendo;
(ii) a superioridade da alma em relação ao corpo, da razão ao desejo; a imporância do limite, da moderação;
(iii) a diferença entre partes orgânicas e condições subsidiárias.

A Política se inicia com o seguinte assunto:
(i) reinvindica a concepção de estado contra a visão sofística de que o estado existe por convenção e, portanto, não tem real fidelidade de seus membros;
(ii) esclarece a sua natureza distinguindo o estado de outras comunidades.

Como toda comunidade se forma em vista de algum bem, o estado, que é uma comunidade suprem e abarca todas as outrs, se forma tendo em vista o bem supremo. Aristóteles faz uso de uma visão absolutamente teleológica.
A causa ou a explicação das coisas serem o que são está não no que elas se tornaram, mas naquilo em que eles estão vindo a ser; do mesmo modo, a natureza das coisas não é vislumbrada em sua origem, mas em seu destino.
O que chamamos por estado significa “cidade (polis)”. Aristóteles assim se refere à cidade, como sendo a expressão da mais perfeita forma de vida política já existente, assim como a forma mais perfeita que poderia existir. Afirma categoricamente que a vida pode ser vivida de modo mais completo em uma pequena comunidade da qual todo cidadão conhece um ao outro e participa da escolha não apenas dos seus comandantes, mas também comandam e, por sua vez, são comandados.
Segundo Aristóteles, existem dois princípios instintivos que fazem com que os seres se unam:
(i) o instinto reprodutivo, que une mulheres e homens;
(ii) o instinto de auto-preservação que une senhores e escravos para se ajudarem mutuamente.

Existem três elementos para a composição de uma sociedade:
(i) a família, que é a associação estabelecida por natureza para suprir as necessidades diárias;
(ii) a vila, que é a união de muitas famílias para suprir algo além das necessidades diárias;
(iii) o terceiro estágio é a união de muitas vilas em uma comunidade completa, extensa o bastante para ser praticamente auto-suficiente. Eis a diferença entre estado e comunidade, ou vila.

Ao contrário da visão política dos sofistas, o estado não existe apenas por convenção, mas está enraizado na natureza humana, portanto, existe por natureza.
A política de ARistóteles afirma, em poucas palavras:

(i) que a natureza deve ser encontrada não na origem da vida humana, mas no fim para o qual nos movemos;
(ii) que a vida civilizada não é o declínio de uma vida nobre-primitiva hipotética;
(iii) que o estado não é uma restrição artificial da liberdade mas um meio para conquistá-la.

Ao contrário de Platão, que prezava a dissolução das famílias, Aristóteles afirma ser o estado uma comunidade de comunidades, incluindo as famílias.
O homem não é apenas membro da cidade-estado, e sim também de outras comunidades, como a da igreja, de sua profissão, das sociedades voluntárias, etc.
Por isso, antes de animal político, caberia melhor chamarmos o homem de animal social.

Mesmo enfatizando o fato do homem ser mais naturalmente um animal social do que político, pois a união política é menos natural do que as uniões sociais, que são mais evidentemente voluntárias, ainda assim, ao poder político só é possível compararmos ao poder religioso em termos de importância e valor. Em suma, do ponto de vista da educação dos valores morais e da implementação de um governo, a formação do homem político é decisiva para determinar o tipo de vida que podemos ter em sociedade.
A cidade existe por natureza, e é anterior ao indivíduo, que tomado isoladamente, é autárquico, relativamente ao todo está na mesma relação em que estão as outras partes.
Por isso, quem não pode fazer parte de uma comunidade, quem não tem necessidade de nada, bastando a si próprio, não faz parte de uma cidade, mas é ou um animal ou um deus.”

BIBLIOGRAFIA
Matheus Venâncio, 2009 – UNIFRAN – Universidade de Franca
2.Semestre Graduação Filosofia

POLÍTICA EM PLATÃO

A filosofia de Platão o conduziu desde cedo à concepção de um projeto político tão amplo quanto seu projeto filosófico e pedagógico que culminou com a fundação de sua escola: A Academia de Atenas. Desde a sua convivência com Sócrates e principalmente com sua condenação e morte, Platão esteve diante de fatos político. Ademais, a “[…] criação do projeto político de Platão teve origem, antes de tudo, nas decepções do filósofo com os modelos de governo baseados na democracia e nas ações dos governantes de seu tempo. O ponto culminante dessa criação foi a condenação e morte de Sócrates” (MENESCAL, 2009, p. 20).Ess
a relação na concepção de que são as leis que garante que todos estão igualmente submetidos e que todos podem estar unidos.
  • A cidade, através das leis, precede o indivíduo.
  • O indivíduo, em sua cidadania é gerado pela cidade e, neste sentido, tem todos os seus direitos garantidos, mas também o dever de cumprir tudo o que exigi a cidade. O indivíduo, em outras palavras, pertence à cidade não perdendo com isso sua liberdade.
 Há a escolha de ser persuadido, logo, obedecer a lei, ou persuadir em mudar a lei. Tomar tal decisão é exercer a cidadania e, para que a decisão seja a melhor, que ela seja filosófica. É tal cidadania que permite a prática da filosofia. Sócrates é um cidadão ateniense, ele pôde se entregar livremente à filosofia. Um estrangeiro pode ser sofista um homem de opiniões, mas não filósofo. Porque Atenas era democrática foi possível nascer o pensamento filosófico. Não que a prática política democrática levasse às idéias filosóficas, mas porque tal contexto sócio-político dava liberdade para se ser filósofo. Platão, na República, VIII, diz que a democracia, por sua confusão anárquica, permite que cada um viva como queira, inclusive o filósofo.
A Política em Platão
Nesta obra Platão discute ainda as diferentes formas de governo e apresenta uma justificativa racional em defesa daquela que, para ele, era a melhor forma de governo: a aristocracia ou governo dos sábios.
Dentre as diferentes formas de governo Platão discute os tipos de governo monárquico, aristocrático, democrático, tirânico, a timocracia (que é uma espécie de falsa aristocracia) e a oligarquia (o governo dos ricos). Dentre todos a tirania é a pior forma de governo.
Por fim cumpre notar que o “projeto político de Platão não se apresenta essencialmente pela questão política, mas envereda pela ética e por uma educação, orientada pela filosofia, tão necessárias à formação humana” (MENESCAL, 2009). Da mesma forma Tiago Lara (1989) aponta que o projeto político de Platão é também um projeto educativo, de formação não apenas do cidadão mas também o homem de bem. A respeito de um projeto ético-político pedagógico em Platão, veja em nosso website o artigo Projeto Ético-Político-Pedagógico na República de Platão, além de uma interpretação da alegoria da caverna sob estas diferentes perspectivas A Alegoria da Caverna.

sábado, 26 de maio de 2018

"O Le Monde Diplomatique esmiúça a crise no Brasil". De fato, trata-se de uma sofisticada análise das forças que governam a política do país e que bem poderia ter por título "O poder invisível e seu exercício". Eis, em 13 itens, essa precisa anatomia:

1 – O foco do poder não está na política, mas na economia. Quem comanda a sociedade é o complexo financeiro-empresarial com dimensões globais e conformações específicas locais.

2 – Os donos do poder não são os políticos. Estes são apenas instrumentos dos verdadeiros donos do poder.

3 – O verdadeiro exercício do poder é invisível. O que vemos, na verdade, é a construção planejada de uma narrativa fantasiosa com aparência de realidade para criar a sensação de participação consciente e cidadã dos que se informam pelos meios de comunicação tradicionais.

4 – Os grandes meios de comunicação não se constituem mais em órgãos de “imprensa”, ou seja, instituições autônomas, cujo objeto é a notícia, e que podem ser independentes ou, eventualmente, compradas ou cooptadas por interesses. Eles são, atualmente, grandes conglomerados econômicos que também compõem o complexo financeiro-empresarial que comanda o poder invisível. Portanto, participam do exercício invisível do poder utilizando seus recursos de formação de consciência e opinião.

5 – Os donos do poder não apoiam partidos ou políticos específicos. Sua tática é apoiar quem lhes convém e destruir quem lhes estorva. Isso muda de acordo com a conjuntura. O exercício real do poder não tem partido e sua única ideologia é a supremacia do mercado e do lucro.

6 – O complexo financeiro-empresarial global pode apostar ora em Lula, ora em um político do PSDB, ora em Temer, ora em um aventureiro qualquer da política. E pode destruir qualquer um desses de acordo com sua conveniência.

7 – Por isso, o exercício do poder no campo subjetivo, responsabilidade da mídia corporativa, em um momento demoniza Lula, em outro Dilma, e logo depois Cunha, Temer, Aécio, etc. Tudo faz parte de um grande jogo estratégico com cuidadosas análises das condições objetivas e subjetivas da conjuntura.

8 – O complexo financeiro-empresarial não tem opção partidária, não veste nenhuma camisa na política, nem defende pessoas. Sua intenção é tornar as leis e a administração do país totalmente favoráveis para suas metas de maximização dos lucros.

9 – Assim, os donos do poder não querem um governo ou outro à toa: eles querem, na conjuntura atual, a reforma na previdência, o fim das leis trabalhistas, a manutenção do congelamento do orçamento primário, os cortes de gastos sociais para o serviço da dívida, as privatizações e o alívio dos tributos para os mais ricos.

10 – Se a conjuntura indicar que Temer não é o melhor para isso, não hesitarão em rifá-lo. A única coisa que não querem é que o povo brasileiro decida sobre o destino de seu país.

11 – Portanto, cada notícia é um lance no jogo. Cada escândalo é um movimento tático. Analisar a conjuntura não é ler notícia. É especular sobre a estratégia que justifica cada movimento tático do complexo financeiro-empresarial (do qual a mídia faz parte), para poder reagir também de maneira estratégica.

12 – A queda de Temer pode ser uma coisa boa. Mas é um movimento tático em uma estratégia mais ampla de quem comanda o poder. O que realmente importa é o que virá depois.

13 – Lembremo-nos: eles são mais espertos. Por isso estão no poder."
(Le Monde - Diplomatique)